O planeta pede socorro!

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Diversos meios de comunicação na semana passada anunciaram, segundo a Global Footprint Network (GFN), organização que mede a pegada ecológica das atividades humanas, a nossa entrada no cheque especial do planeta, afirmando que no último dia 1º de agosto já teríamos atingido a capacidade regenerativa para 2018 dos recursos naturais que consumimos no nosso dia-a-dia (Exame, 2018). A maneira como estamos vivendo, consumindo e agindo, não só estão esgotando os recursos naturais, como também estão destruindo e modificando os ecossistemas do mundo todo. É preciso repensar, questionar e agir. Antes que seja tarde demais!
O projeto “The Story of Stuff” (“A História das Coisas”), fundado por Annie Leonard, promove importantes questionamentos sobre a maneira como produzimos, consumimos e descartamos os bens de consumo. Segundo Annie, em documentário do projeto lançado em 2007, estamos inseridos em um sistema de consumo em crise, não sabemos de onde vêm nossos produtos e não sabemos para onde vão estes produtos após o descarte. Annie aponta duas grandes estratégias que são usadas para que o consumo se mantenha sempre alto: primeiramente, a obsolescência planejada – onde os produtos são desenhados para que se tornem inúteis o mais rápido possível, como computadores e celulares; e em segundo, a obsolescência perceptiva – onde os produtos mudam constantemente de aparência, nos fazendo descartar produtos que ainda poderiam ser utilizados, como artigos de moda e tecnologia. Consumimos de forma irresponsável, descartamos de maneira inapropriada, e pilhas e mais pilhas de lixo (muitas vezes tóxicas) continuam a crescer nos arredores das cidades em todo o mundo, contaminando e degradando o meio ambiente (The Story Of Stuff, 2009).
Outra questão importante é a da produção, distribuição e consumo de alimentos. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO, a comida produzida no mundo é mais do que suficiente para alimentar todos, no entanto, 815 milhões de pessoas ainda passam fome (FAO, 2017). Má distribuição e desperdício são apontadas por diversas ONGs e organizações como problemas a serem superados. Outra questão bastante debatida nos últimos tempos tem sido o impacto do uso indiscriminado de pesticidas e agrotóxicos na produção de alimentos e no meio ambiente. A campanha “Sem Abelha, Sem Alimento”, iniciativa do Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte, e liderada pelo Prof. Dr. Lionel Segui Gonçalves, denuncia o uso indiscriminado destes produtos, além dos desmatamentos em larga escala e queimadas, como causas do declínio de polinizadores como as abelhas, que são responsáveis pela polinização de 70% das culturas agrícolas. Segundo informações da campanha, “sem as abelhas, tanto a renovação das matas e florestas, como a produção mundial de frutas e grãos ficariam comprometidas” (Sem Abelhas, Sem Alimento, 2018). Enquanto isso, a Comissão Especial na Câmara aprovou em 25 de junho, o Projeto de Lei que flexibiliza as regras de uso e registro de produtos tóxicos no Brasil (Huffpost, 2018). Nossa saúde, nosso meio ambiente e nossa água estão comprometidas!

É preciso mudar a maneira como agimos e consumimos. Informação é a chave para a mudança e para a conscientização, pois não podemos encarar essas questões de maneira superficial e ingênua – é preciso mudar a agenda global de produção e consumo. Os exemplos acima mencionados representam apenas dois dos diversos problemas que temos que resolver para que o planeta permaneça habitável e seguro para todos os seres vivos. Cabe a nós mudarmos o impacto de nossas “pegadas” na terra, e apoiarmos lideranças comprometidas com o desenvolvimento sustentável.

Colaboração de Arthur Fachini, formado em Relações Internacionais e ativista pelos Direitos Humanos e igualdade de gênero.