Oportunidade, não caridade

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Luiz Gonzaga Bertelli

Mesmo com o cenário de crise – economia em baixa, índices de desemprego em alta e impasses na política – as empresas demonstram estar atentas a relevantes questões sociais. Um balanço do CIEE identifica crescimento de 21% no volume de organizações parceiras que contrataram pessoas com deficiência na comparação de 2016 com 2015. O número de beneficiados também subiu 5%, batendo na marca de 9 mil aprendizes, estagiários e celetistas contratados por 710 empresas parceiras.
Alguns poderão creditar ao maior rigor da fiscalização sobre o cumprimento das leis que determinam o preenchimento de cotas de aprendizes e de pessoas com deficiência pelas empresas. O argumento, entretanto, esbarra numa contradição: a contratação de estagiários com deficiência não é obrigatória, e também cresceu. Outro erro é considerar a decisão das empresas como motivada por razões filantrópicas, pois centenas de programas inclusivos revelam o potencial de superação e integração às equipes das pessoas com deficiência. Com o adequado treinamento, elas provam no dia a dia o quanto podem contribuir para o resultado do negócio. Exemplos notáveis do ímpeto de vencer obstáculos despontam no competitivo ambiente do atletismo, sendo muito bem conhecidos.
Uma dessas protagonistas é Susana Schnarndorf Ribeiro. Ela tem uma doença rara – a atrofia de múltiplos sistemas – que paralisa seu corpo aos poucos. Mesmo assim, dedica-se a uma das mais exigentes modalidades esportivas: a natação. É dela o recorde nacional em cinco provas (50m, 100m, 400m livres, 100m peito, 200m medley na classe S6), bem como cinco títulos brasileiros no triatlo e diversas conquistas internacionais, sendo o ponto alto a medalha de prata nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Como tantos outros, a trajetória Suzana é mais uma demonstração de que basta a abertura de uma oportunidade para pessoas com deficiência brilharem.
A atleta é uma das palestrantes confirmadas da 20ª Feira do Estudante – Expo CIEE 2017, o maior evento de capacitação e inclusão profissional do país, que será realizado entre dias 26/05 e 28/05, na Bienal do Parque do Ibirapuera. Aliás, desde a primeira edição é possível observar o crescente interesse dos estudantes com deficiência em investir na carreira e se preparar para o mercado de trabalho: não é raro ver cadeirantes circulando pelas rampas da feira ou grupos de deficientes auditivos acompanhados pelo interprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) que o CIEE disponibiliza para os visitantes.

(Colaboração de Luiz Gonzaga Bertelli, presidente do Conselho de Administração do CIEE, do Conselho Diretor do CIEE Nacional e da Academia Paulista de História – APH).

Publicado na edição nº 10117, de 18 e 19 de abril de 2017.