Transportes

Vocação acolhedora e logística de deslocamento são fortes referenciais da Bebedouro dos tropeiros, do transporte sobre trilhos e, agora, com valorização ainda mais significativa de três rodovias estaduais que cortam"o município.

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Sem dúvida, o ato de caminhar, deslocar-se para outras regiões, a passos lentos ou ‘a todo vapor’, tem muito a ver com Bebedouro, desde os primórdios de sua existência, na segunda metade do século 19.

No início, uma rotina que inspirou o nome da cidade. Para descansarem e matarem a própria sede – e de suas boiadas -, os tropeiros paravam em um bebedouro, acolhidos pela sombra e o lugar que um dia viria a ser cognominado de Cidade Coração.

E Bebedouro, fundada oficialmente em 3 de maio de 1.884, já revelava sua vocação para a logística de transportes. Hoje, passados 134 anos, o município, como único da microrregião com tal particularidade, se vê cortado por três rodovias estaduais em seu perímetro urbano: a SP-326 (Brigadeiro Faria Lima), a SP-322 (Armando de Salles Oliveira) e a SP-351 (Comendador Pedro Monteleone).

Com forte referencial para receber os visitantes, a Cidade Coração segue com a meta de reforçar sua imagem como espaço de passagem, ou, quem sabe, até de parada por um longo tempo, dos que pisam a sua terra encharcada do verde da esperança, mesma cor outrora caracterizada por imensos cafezais, laranjais e, agora, canaviais, potenciais produtores de açúcar e de combustível.

Outra atividade que inspira o transporte propriamente dito é o ferreomodelismo, prática sadia dos que batalham para não cair no esquecimento o ir e vir de trens de carga e de passageiros por trilhos que transportavam a riqueza do agronegócio da região, juntamente com vagões de primeira e segunda classes, com os então entusiasmados senhores da agropecuária.

A saudosa ferrovia, lamentavelmente, enferruja por equívocos na opção pelo asfalto em detrimento da bitola larga que cortava o País afora, com muitas vantagens econômico-financeiras, não detectadas por políticos e empresários que, até por interesses outros, preferiram as rodovias, hoje com seus problemas de manutenção, acidentes, contravenções afins e os consequentes gastos para dar conta aos pesados e crescentes caminhões e ‘treminhões’, cujos donos e profissionais do volante já paralisam o País com seus protestos e reivindicações.

Pois é! Ainda a respeito do transporte sobre trilhos, acaba de ter lugar, no tradicional museu, no Complexo do Lago Artificial, o 15º Encontro de Ferreomodelismo, promovido pela ABF (Associação Bebedourense de Ferreomodelismo).

O líder dessa iniciativa de não deixar cair no esquecimento a arte do transporte ferroviário, o executivo Luciano Marcassa, na manhã de segunda-feira (3/9), era todo sorriso e satisfação com o sucesso de visitantes no evento ocorrido no fim de semana. O interesse pela história ferroviária superou expectativas, graças também aos atrativos dos inesquecíveis exemplares do tradicional museu e da feira de artesanato realizada paralelamente na praça em anexo.

Êxitos, preservação, reconhecimento e valorização da logística de transportes que não podem nem devem ser esquecidos, ainda mais por uma cidade que se sobressai pelas particularidades aqui observadas e por sua vocação acolhedora.

Então, que todos esses expedientes tenham a devida consideração pela recém-implantada Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Planejamento e Infraestrutura Urbana, que incorpora departamentos e setores diversos da administração, como o de Operações Logísticas e de PPPs (Parcerias Público-Privadas)!

Colaboração de Eduardo Iha, jornalista.

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Publicado na edição nº 10307, de 4, 5 e 6 de setembro de 2018.